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23 de fev. de 2022

RAUL SEIXAS – OS 24 MAIORES SUCESSOS DA ERA DO ROCK (1973)

  

Provindo dos EUA nos anos 50, o rock’n’roll expandiu-se para o mundo na década seguinte. No Brasil, a partir de Cely Campelo, Sérgio Murilo e Ronnie Cord e a seguir com a explosão da Jovem Guarda contrapôs-se à bossa nova e ao samba, conquistando a juventude com a magia da guitarra elétrica e letras banais.  Abriu caminho para uma nova geração de artistas liderados por Raul Seixas, Os Mutantes e Rita Lee reacendendo-se nos anos 80 com a proliferação de novos grupos (Titãs, Legião, Ira! etc.)

Ainda que possa ser considerado o maior expoente do rock nacional, Raul Seixas nunca abriu mão de sua brasilidade temperando-o com ingredientes regionais como o baião e letras provocativas, criativas e às vezes esotéricas, inspiradas no movimento hippie.

Fiel a suas origens, o artista baiano, homenageando os pioneiros do gênero, lançou o álbum OS 24 MAIORES SUCESSOS DA ERA DO ROCK, que saiu quase que simultaneamente ao primeiro grande êxito de sua discografia, o genial KRIG-HA BANDOLO! (também de 1973), sucesso de crítica e público, que continha vários de seus hits (alguns em parceria com Paulo Coelho) como OURO DE TOLO, METAMORFOSE AMBULANTE, MOSCA NA SOPA e AL CAPONE e no qual a gravadora apostava todas as fichas. 

O disco em homenagem ao rock, lançado poucos meses antes com uma capa espalhafatosa de gosto duvidoso onde se sobressaía a figura de um refrigerante, ladeada pelos nomes das canções, era atribuído ao conjunto fake Rock Generation. Com intuito de não interferir no desempenho do produto principal sobre o qual a gravadora concentrava seus esforços de divulgação, a menção ao nome de Raul Seixas, efetuada apenas na contracapa (ao lado do de Nelson Motta), restringia-se à produção. O disco, visto como um projeto de menor relevância, passou quase desapercebido e a Philips não se interessou em divulgá-lo.

Com a eclosão nacional do “maluco beleza”, consolidada com o álbum GITA de 1974 (dos hits SOCIEDADE ALTERNATIVA e GITA), a gravadora resolveu recauchutar o projeto original de Raul, em nova embalagem com seu retrato desenhado na nova capa, rebatizado como 20 ANOS DE ROCK, mudando também a ordem das faixas e inserindo falsos aplausos e palmas para dar ares de performance ao vivo. A nova versão foi devidamente creditada a seu idealizador e intérprete (algumas poucas faixas foram vocalizadas por um anônimo não referenciado). Essas mudanças à revelia do artista, não o agradaram pois fugiam ao formato original.

Não bastasse tantas intervenções, em 1985 a gravadora efetuou um re-relançamento em LP, alterando mais uma vez o nome que passou a ser 30 ANOS DE ROCK.

O lançamento em CD de 2001 felizmente recuperou o nome original porém com a capa remodelada e uma remixagem das faixas. O trabalho de recuperação efetuado pelo selo MZA Music em colaboração com a Universal, detentora dos direitos, recuperou, segundo o produtor Mazzola, os critérios originais concebidos pelo artista.

Nesse álbum, Raul fez uma candente homenagem a alguns dos grandes temas básicos do rock’n’roll. A interpretação visceral de Raul chega em alguns casos a rivalizar com a versão homenageada.

Logo no começo um petardo juntando os clássicos ROCK AROUND THE CLOCK (Bill Haley) BLUE SUEDE SHOES (Elvis), TUTTI FRUTTI e LONG TALL SALLY (ambas de Little Richard). Seguem-se os hits do iê-iê-iê, RUA AUGUSTA (Ronnie Cord) e O BOM (Eduardo Araújo).

Celly Campello ganhou uma faixa exclusiva agregando seus três grandes êxitos, as versões BANHO DE LUA, ESTÚPIDO CUPIDO E LACINHOS COR DE ROSA. The Platters também foram privilegiados ganhando duas faixas inteiras: THE GREAT PRETENDER e ONLY YOU. DIANA (Paul Anka) e OH, CAROL! (Neil Sedaka) foram unidas em outra faixa. Duas pérolas do repertório de Roberto Carlos, É PROIBIDO FUMAR e PEGA LADRÃO aparecem ao lado de MARCIANITA de Sérgio Murillo. E por aí vai. A seleção se encerra com chave de ouro com a poderosa VEM QUENTE QUE EU ESTOU FERVENDO, famosa na interpretação do Tremendão Erasmo Carlos.

Quatro anos depois, Raul deu prosseguimento ao sonho de homenagear seus ídolos com o álbum RAUL ROCK SEIXAS (1977), produzido por Roberto Menescal. Só que aqui apenas artistas internacionais ganharam espaço, além de uma composição sua com o guitarrista amigo Jay Vaquer, JUST BECAUSE. Fez questão de finalizar o trabalho com os versos iniciais de ASA BRANCA de Luiz Gonzaga.

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Faixas:

1. Abertura (Raul Seixas)

2. Rock Around The Clock (Knight/Freedman)/Blue Suede Shoes (Perkins)/Tutti Frutti (Richard/Lubin/Bostrie)/Long Tall Sally (Richard/Johnson/Blackwell)

3. Rua Augusta (Hervé Cordovil)/O Bom (Carlos Imperial)

4. Poor Little Fool (Sheeley)/Bernardine (Mercer)

5. Estúpido Cupido (Stupid Cupid) (Sedaka/Greenfield; Versão: Fred Jorge)/Banho de Lua (Tintarella Di Luna) (Filippi/Magliacci; Versão: Fred Jorge)/Lacinhos Cor-de-Rosa (Pink Shoes Laces) (Grant; Versão: Fred Jorge)

6. The Great Pretender (Ram)

7. Diana (Anka)/Little Darlin’ (Williams)/Oh, Carol! (Sedaka/Greenfield)/Runaway (Shannon/Crook)

8. Marcianita (José I. Marcone/Galvarino V. Alderete; Versão: Fernando César)/É Proibido Fumar (Roberto Carlos/Erasmo Carlos)/Pega Ladrão (Getúlio Cortes)

9. Jambalaya (Williams)/Shake, Rattle And Roll (Calhoun)/Bop-a-Lena (Tills/Pierce)

10. Only You (Rand/Ram)

11. Vem Quente Que Eu Estou Fervendo (Carlos Imperial/Eduardo Araújo)


 

 

 

 

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