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9 de nov. de 2022

GAL COSTA - GAL (1969)


Nem Caetano, nem Gil. Esse disco de Gal de 1969, é possivelmente o álbum mais radicalmente tropicalista de toda a história da MPB.

A cantora explodira há pouco como uma das grandes vozes da nossa música com seu primeiro álbum solo (aquele que continha DIVINO MARAVILHOSO, BABY, QUE PENA, SE VOCÊ PENSA e NÃO IDENTIFICADO), lançado alguns meses antes.

Rompeu de vez, a partir desse álbum seu segundo álbum solo, sem título (apelidado de  CINEMA OLYMPIA, a faixa de abertura, para evitar confusões com o primeiro álbum, também sem título, do mesmo ano) com o tom bossanovista adotado do início de sua carreira de Maria de Graça e soltou sem dó a sua portentosa e maravilhosa voz, assumindo uma postura hippie/psicodélica sob influência de Janis Joplin, a começar pela capa multicolorida, elaborada pelo artista plástico baiano Dicinho, sua obra mais arrojada.

Tendo ao fundo o baixo e a guitarra do mítico Lanny Gordin, Gal não poupou distorções, uivos e atonalidades, algo que expurgou totalmente de seus trabalhos posteriores. Foi o experimentalismo levado a suas últimas consequências.

A prova é a música MEU NOME É GAL (composta especialmente para ela pela dupla Roberto e Erasmo Carlos). Em meio a viagens sonoras, Gal elenca seus maiores ídolos musicais (“o pessoal da pesada”) e recita sua profissão de fé “Se um dia eu tiver alguém com bastante amor pra me dar, não precisa sobrenome pois é o amor que faz o homem”. A canção seria regravada com um arranjo bem mais comportado dez anos depois no álbum GAL TROPICAL, onde as estrepolias da gravação original foram abolidas.

O álbum traz também PAÍS TROPICAL de Jorge Ben com a participação de Caetano e Gil, que recebeu uma roupagem bem mais interessante do que a gravação de Simonal que a consagrou. De Ben, outra pérola, a então inédita TUAREG, em que o compositor carioca mescla seus interesses pelo exotismo da cultura oriental, com seu incomparável suíngue, homenageando, sob uma atmosfera sonora árabe, o guerreiro da tribo do deserto.

Jards Macalé participa com seu violão em THE EMPTY BOAT, canção de Caetano Veloso, faixa presente também em seu álbum branco lançado concomitantemente ao de Gal.

A obra foi produzida por Manoel Barembein e recebeu arranjos e direção musical do maestro Rogério Duprat, dois nomes emblemáticos do tropicalismo, que estiveram por trás também do disco coletivo TROPICÁLIA OU PANIS ET CIRCENCIS (o mais importante manifesto do movimento tropicalista) que teve também a indispensável participação da cantora baiana.

Lançado pela Philips (atual Universal), saiu também em CD mas está fora de catálogo.

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Faixas:

1. "Cinema Olympia" Caetano Veloso 3:09

2. "Tuareg" Jorge Ben 3:25

3. "Cultura e Civilização" Gilberto Gil 4:21

4. "País Tropical" Jorge Ben (featuring Caetano Veloso, Gilberto Gil) 3:49

5. "Meu Nome é Gal" Roberto Carlos, Erasmo Carlos 3:26

6. "Com Medo, Com Pedro" Gilberto Gil 3:07

7. "The Empty Boat" Caetano Veloso (featuring Jards Macalé) 4:07

8. "Objeto Sim, Objeto Não" Gilberto Gil 5:10

9. "Pulsars e Quasars" Jards Macalé, Capinam 4:58


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