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24 de jan. de 2021

OS BORGES (1980)

Embora o jornalista mineiro Salomão Borges não tivesse se dedicado à música, era por ela um aficionado. Isso explica a paixão de 7 dos seus 11 filhos pela arte. Aquele que herdou o nome do pai, Salomão Borges Filho, o 6º da linhagem, mais conhecido como Lô Borges, tornou-se o mais famoso da prole. É co-responsável por aquele que é unanimemente considerado um dos principais álbuns da história da MPB, o antológico CLUBE DA ESQUINA de 1972 ao lado de Milton Nascimento, além de ter uma carreira solo bem sucedida sintetizada em quase 20 álbuns.

O primeiro deles, o famoso “disco do tênis” saiu no mesmo ano, 1972, seguido de VIA LÁCTEA de 1979 e SONHO REAL de 1981. Entre esses dois últimos, OS BORGES que, embora costume aparecer na discografia de Lô, não deveria, por justiça, ser exclusivamente a ele creditado. O cantor e compositor mineiro, já consagrado, participa interpretando apenas duas músicas, procurando dar espaço para que seus irmãos revelassem seus dotes.

Sob a batuta do velho Salomão e de Dona Maricota, progenitora da clã (que para não destoar da moçada, era pianista), desfilam os brothers Márcio, Yê, Marilton, Nico, Telo e Solange Borges (única representante do sexo feminino). Destaque para Márcio Borges, outro que se projetara como compositor e letrista em célebres parcerias com a trupe do Clube da Esquina.

OS BORGES foi um projeto despojado de Lô com a intenção de registrar em vinil o ambiente cultural reinante em seu apartamento em Belo Horizonte. A capa que traz uma foto do quarto dos “meninos”, revela esse clima com pôsteres e instrumentos espalhados pelo chão. Retratos dos 4 Beatles no canto superior não escondem uma das principais influências.  

A faixa de abertura “Em Família” (Márcio e Yê) interpretada por todos traduz a empatia entre irmãos afins (“Na minha casa tem mulher que briga, na minha casa tem homem que chora”).

A atmosfera caseira do projeto oculta algumas participações inacreditáveis. Em “Carona”, ao lado de Marilton, a presença de um tal de Gonzaguinha. Na faixa derradeira, “Pros Meninos”, ao lado de Nico, comparece Milton Nascimento. Em “Outro Cais” a canja especial é de ninguém menos do que Elis Regina (a própria).

Destacam-se “Ainda” e a gravação original de “Voa Bicho”, ambas de Telo e Márcio, com orquestração de Guilherme Arantes. Essa última ficou mais conhecida ao ser regravada por Milton Nascimento e Maria Rita no disco Pietá de 2003.  

A galeria de fotos que encarta o LP revela que as sessões de gravações contaram com outros bambas: Toninho Horta, Naná Vasconcelos, César Camargo Mariano, Nivaldo Ornelas, Marçal, Fredera...

O vinil dessa obra prima era disputadíssimo, até que a EMI/Odeon dignou-se em lançá-lo em CD em 2002. A má notícia é que quem quiser adquiri-lo vai ter de desembolsar uma pequena fortuna pois está fora de catálogo e, assim como o LP, é raro.

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Faixas:

1. "Em Família" (Márcio Borges, Yé Borges) - Os Borges 4:08

2. "Carona" (Marilton Borges)  Marilton Borges (Partic: Gonzaguinha) 2:53

3. "Voa, Bicho" (Márcio Borges, Telo Borges) - Telo Borges/Solange Borges 3:50

4. "Um Sonho Na Correnteza" (Márcio Borges, Yé Borges) Solange Borges/Yé Borges 3:08

5. "Ainda" (Márcio Borges, Telo Borges)- Telo Borges/Marilton Borges 3:29

6. "O Sapo" (Tradicional) - Os Borges 2:20

7. "Eu Sou Como Você É" (Lô Borges) - Lô Borges/Marilton Borges 3:41

8. "Outro Cais" (Duca Leal, Marilton Borges) - Elis Regina 2:03

9. "No Tom De Sempre" (Márcio Borges , Chico Lessa) - Chico Lessa/Lô Borges 3:57

10. "Qualquer Caminho" (Márcio Borges) - Márcio Borges/Marilton Borges 3:17

11. "Daniel" (Nico Borges, Solange Borges) - Solange Borges 3:17

12. "Pros Meninos" (Duca Leal, Nico Borges) - Nico Borges/Milton Nascimento 4:38

 

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