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11 de nov. de 2020

NANÁ VASCONCELOS - SAUDADES (1979)

 

Ainda que cultuadíssimo no exterior, Naná Vasconcelos faleceu sem ter experimentado reconhecimento à altura em seu próprio país. Mesmo padrão, aliás, vivenciado por outras feras da percussão como Airto e Dom Um Romão que só tiveram suas virtudes aclamadas ao sair do Brasil.

A impressionante trajetória de Naná suplantou a de todos. Atuou ao lado de algumas das maiores lendas do jazz, do blues, do pop e da MPB. Só para citar algumas: Paul Simon, Talking Heads, B B King, Laurie Anderson, Ryuichi Sakamoto, John Zorn, Miles Davis, Jean Luc Ponty, Art Blakey, Ron Carter, Gato Barbieri, Herb Alpert, Milton, Caetano, Gil… Foi eleito pela conceituada revista Down Beat como o maior percussionista do mundo por nada menos do que oito vezes!

O auge de sua carreira ocorreu durante a primeira metade dos anos 70 e a primeira dos 80, quando atuou em diversos trabalhos pelo prestigioso selo germânico ECM: com Egberto Gismonti em SOL DO MEIO DIA, DUAS VOZES e no premiadíssimo DANÇA DAS CABEÇAS; EVENTYR com Jan Garbarek e John Abercombre, além de diversos álbuns com Pat Metheny, dentre outros. Participou também do bem sucedido projeto CODONA (nome extraído da união das duas primeiras letras dos participantes Collin Wallcott, Don Cherry e Naná) que rendeu 3 álbuns que fundem jazz e world music.

Esse magnífico SAUDADES, Concerto de Berimbau e Orquestra, foi seu único trabalho solo pela ECM. Os executivos da gravadora ofereceram-lhe todo suporte para o lançamento do disco, algo bem diferente do que acontecia em sua terra natal, constata Naná com menos orgulho do que mágoa. O disco de 5 faixas foi gravado na Alemanha com a Stuttgart Radio Symphony Orchestra. A pompa orquestral presta-se apenas para dar roupagem de gala às estrepolias sonoras de Naná. Como em “O Berimbau” de 19 minutos, uma viagem sonora em que o pernambucano demonstra toda sua habilidade com o instrumento, reafirmada em “Dado”, em que prescinde de acompanhamento. A vocalização, quando utilizada, é para expandir as possibilidades de expressão sonora, como em “Vozes”. Gismonti comparece tocando violão em “Cego Aderaldo” de sua autoria, única faixa não composta por Naná. Curiosamente, essa música também está presente em dois discos de Gismonti: CIRCENSE, seu álbum mais popular, acompanhado do violinista L Shankar, e em FOLK SONGS, ao lado de Charlie Haden e Jan Garbarek, também pelo selo ECM.   

Mesmo tocando com músicos de várias nacionalidades e tendências, Naná jamais deixou de afirmar a brasilidade em seu som.

No Brasil, saiu em vinil pela Warner. No exterior, também em CD.

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Faixas (todas compostas por Naná Vasconcelos, exceto a indicada):

1. "O Berimbau" - 18:58

2. "Vozes (Saudades)" - 3:14

3. "Ondas (Na Óhlos De Petronila)" - 7:53

4. "Cego Aderaldo" (Egberto Gismonti) - 10:32

5. "Dado" - 3:36



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