Pesquisar este blog

16 de dez. de 2020

OS INCRÍVEIS - PARA OS JOVENS QUE AMAM OS BEATLES, OS ROLLING STONES E... OS INCRÍVEIS (1967)

Com PULP FICTION, Tarantino recuperou o prestígio de um gênero musical, popular nos anos 60, que andava meio em baixa: a surf music.

No Brasil, Os Incríveis (que antes eram The Clevers) foram o principal expoente desse subgênero do rock. Sob influência de bandas internacionais essencialmente instrumentais como Shadows e Ventures, gravaram um álbum dedicado ao estilo: MILIONÁRIO (1965), puxado pela faixa título. Foram tão bem sucedidos que a música-tema (originalmente do conjunto inglês Dakotas) ficou mais conhecida por aqui do que lá fora.

Contratados pela multinacional RCA Victor, Os Incríveis expandiram o leque de ritmos e ampliaram o uso da vocalização. Pegando carona na onda da Jovem Guarda, conquistaram popularidade e venderam milhões de discos, sobretudo compactos simples (singles) que, à época, era a modalidade preferida de registro.

Os músicos eram primorosos, tinham cacife para consagrarem-se como banda top do rock nacional. Mas cometeram o erro fatal de tornarem-se porta-vozes de um patriotismo exacerbado que tomava conta do país, reforçado pelo tricampeonato de futebol, ao gravar em seu álbum de 1970 o hino ufanista “Eu Te Amo Meu Brasil”.

 Essa composição da dupla Dom e Ravel foi largamente utilizada nas propagandas oficiais do regime militar. Reforçaram-se as acusações de que a Jovem Guarda era “alienada”.

Essa indesejável vinculação com a ditadura que vivia seus anos de chumbo, comprometeu inapelavelmente a popularidade do grupo, que não mais conseguiu se reerguer.

Um contrassenso colossal, visto que o maior êxito do grupo fora justamente o hino antimilitarista: “Era um Garoto que como eu Amava os Beatles e os Rolling Stones” (“C’Era um Ragazzo che Come Me...”), libelo pacifista da carreira de Gianni Morandi contra a guerra do Vietnam, que chegou a ter sua execução proibida pela RAI na TV italiana e fazia parte do repertório da diva de protesto Joan Baez. Os Engenheiros do Hawaii fizeram recentemente uma ‘remake’ de muito sucesso.

Essa canção foi o carro chefe do principal disco PARA OS JOVENS QUE AMAM OS BEATLES, OS ROLLING STONES... E OS INCRÍVEIS, de 1967. Esse trabalho marcou o auge da produção do grupo. Em meio às 12 faixas, quase todas versões, escondem-se outras pérolas, dentre elas, uma interpretação mais apurada de “O Milionário”.

 Destaque para o clássico “Molambo” (de Augusto Mesquita), samba-canção que recebeu inúmeras gravações como as de Maysa, Nelson Gonçalves, Cauby Peixoto, Jamelão, Elizeth Cardoso, Bethânia e Ney Matogrosso. Os Incríveis conferiram-lhe uma deliciosa roupagem swingada à la Cris Montez.

Há também uma versão instrumental de “Delilah Jones” (de Elmer Bernstein), conhecida por ser tema do filme O HOMEM DE BRAÇO DE OURO. E uma leitura pop para “Czardas”, conhecida peça extraída do ritmo folclórico húngaro.

Os Incríveis viriam a lançar outro ótimo álbum em 1969, contendo dentre outras “O Vendedor de Bananas” de Jorge Ben e “O Vagabundo” (Il Giramondo) de Nicola di Bari. Saiu em CD na série 2 EM 1 (junto com o agourento disco de 1970). Já o álbum de 1967, ‘incrivelmente’ é mais fácil achar em vinil e as faixas mais conhecidas só podem ser acessadas em coletâneas caça-níqueis disponibilizadas pela BMG (adquirente da RCA).  

Acusada de adesista, a banda paulistana entrou em rápido declínio a partir de 1970, vindo a se dissolver logo em seguida.

Uma pena, pois os caras eram pra lá de talentosos tanto que acabaram ingressando em outros cultuados grupos do rock brazuca. O baterista Netinho formou o Casa das Máquinas que, no período de 1974 a 1976, lançou 3 antológicos álbuns. Teve ainda passagem pelo Joelho de Porco.

O tecladista/saxofonista Manito integrou a histórica banda Som Nosso de Cada Dia que, sob sua égide, lançou o álbum SNEGS, considerado por muitos o mais importante disco de rock progressivo já produzido no país. Mas essa é outra história.

.

FAIXAS:

01 - Minha Oração (My Prayer) (Georges Boulanger; Jimmy Kennedy) 2:30

02 - Vai, Meu Bem (Hideway) (Howard Blaikley; Versão: Hamilton Di Giorgio) 2:18

03 - Nosso Trato (Sei Gia D’Un Altro) (Don’t Worry Baby) (Brian Wilson; Roger; Christian Pantros; Versão: Libery Pádua) 3:20

04 - Era Um Garoto que Como Eu Amava os Beatles e os Rolling Stones (C’era un Ragazzo che Come me Amava i Beatles e i Rolling Stones) (Franco Migliacci; Mauro Lusini; Versão: Brancato Junior) 3:30

05 - O Homem do Braço de Ouro  (Delilah Jones) [The Man with the Golden Arm] (Elmer Bernstein; Sylvia Pine) 3:05

06 - O Milionário (The Milionaire) (Mike Maxfield) 3:45

07 - Molambo (Augusto Mesquita; Jayme Florence) 2:54

08 - You Know What I Want (Howard Blaikley) 2:30

09 - Czardas (Vittorio Monti) 3:35

10 - Perdi Você (Missing You)(Carlos Mendes; José Alberto Diogo) 2:55

11 - Nosso Abraço aos Beatles e os Rolling Stones – Pot-Pourri: Twist and Shout (Bert Russell; Phil Medley) e Satisfaction (Keith Richards; Mick Jagger) – Versão: Os Incríveis 2:20

12 - Não Resta nem Ilusão (Natal Maleski) 3:10

 


 


Nenhum comentário:

Postar um comentário

Mais visitadas