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7 de dez. de 2020

MARCOS VALLE - VONTADE DE REVER VOCÊ (1981)

 


Marcos Valle integrou a segunda geração de nomes da bossa nova, surgida nos anos 60. Mais tarde, expandiu sua atuação para outros gêneros que iam de temas ‘festivalescos’ de protesto até a produção de trilhas, séries e jingles para a Globo. Chegou a gravar até um LP com ares psicodélicos (VENTO SUL, 1972) com membros do grupo O Terço. 

O período inicial de 1963 a 1974 foi particularmente fértil, emplacando canções memoráveis como “Samba de Verão”, “Preciso Aprender a Ser Só”, “Viola Enluarada” (em dueto com o então estreante Milton Nascimento) e “Black is Beautiful” (consagrada na voz de Elis Regina).  

Em 1975, mudou-se para os EUA onde se estabeleceu por cinco anos, período em que ficou longe dos estúdios, embora nunca tivesse deixado de frequentar o meio musical, participando de trabalhos inclusive com Sarah Vaughan. Teve contato também com o som black, cujo suingue influenciaria  sua música futura.

Após um jejum de sete anos, o disco VONTADE DE REVER VOCÊ inaugura uma nova fase classificada como “geração saúde” que inclui também o álbum MARCOS VALLE (1983, conhecido pela faixa “Estrelar” que se tornou trilha sonora de academias de malhação) e o single BICICLETA (1984). As fotos das capas são sintomáticas: no primeiro, Marcos sem camisa posa com pinta de surfista; no segundo, esbalda-se com um festival de frutas e sucos naturais; no terceiro, pedala na praia em companhia de um cão (esses álbuns integram uma edição recente em CD pela Série Discobertas).

Essa guinada de estilo rendeu-lhe a pecha de oportunista, alienado, fútil. O tempo, todavia, encarregou-se de resgatar esses discos, sobretudo VONTADE DE REVER VOCÊ.

O plantel de participantes é de tirar o chapéu: Sivuca, Airto Moreira, Robertinho Silva, Robson Jorge, Jamil Joanes, Robertinho do Recife, Leo Gandelman, Jane Duboc. A pegada funk é garantida por Oberdan (banda Black Rio) e José Roberto Beltrami (Azymuth). Traz ainda a guitarra de Sérgio Dias dos Mutantes na faixa “Não Pode Ser Qualquer Mulher”; na percussão, o então pouco conhecido Bezerra da Silva que mais tarde viria se projetar como sambista da “malandragem”. Completam o quadro Peter Cetera e Laudir de Oliveira, dois integrantes do prestigioso grupo norte-americano Chicago, na execução e na composição de duas músicas. Afora isso, o álbum traz quatro parcerias com o celebrado soulman Leon Ware, colaborador de Marvin Gaye.

A faixa de abertura “Paraíba não é Chicago” que faz a contraposição bem humorada do funk com o baião, parceria com a trupe internacional mais o irmão Paulo Sérgio Valle (que o acompanha desde os primeiros passos), já vale o disco.

Ainda que criado no ambiente elitista das praias do Arpoador e de Búzios e apesar de ter fixado moradia no exterior, o músico conservou o vínculo com artistas como Gonzagão e Jackson do Pandeiro, evidenciado na instrumental “Campina Grande”.

O álbum já ganhara antes uma edição em CD pela Som Livre através da série Masters, recuperado por Charles Gavin.

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Faixas:

1. A Paraíba Não É Chicago (Marcos Valle/Paulo Sérgio Valle/Laudir de Oliveira/Leon Ware/Peter Cetera)

2. Bicho no Cio (Marcos Valle/Paulo Sérgio Valle/Leon Ware)

3. Velhos Surfistas Querendo Voar (Marcos Valle/Paulo Sérgio Valle/Leon Ware)

4. Campina Grande (Marcos Valle)

5. Sei Lá (Marcos Valle/Paulo Sérgio Valle/Laudir de Oliveira/Peter Cetera)

6. Pecados de Amor (Marcos Valle/Paulo Sérgio Valle)

7. Garimpando (Marcos Valle/Paulo Sérgio Valle)

8. Não Pode Ser Qualquer Mulher (Marcos Valle/Paulo Sérgio Valle/Leon Ware)


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