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16 de dez. de 2020

TAVITO (1979)

 

Tavito é indevidamente acusado de ter sido acometido pela maldição da música única. “Rua Ramalhete” tornou-se, é fato, emblemática na carreira do músico e integrante obrigatória do cancioneiro popular, a ponto de ter sido designada como hino oficial de Belo Horizonte. Todavia reduzir a obra do compositor e cantor mineiro a essa canção é uma inverdade absoluta.

Tavito tem uma importância para a MPB que transcende o alcance de versos como “vou falar no seu ouvido coisas que vão fazer você tremer dentro do vestido... e o som dos Beatles na vitrola”. Teve participação em dois momentos essenciais da nossa música. Foi sócio fundador do Clube da Esquina, movimento seminal surgido em Minas, capitaneado por Milton Nascimento que agregou à MPB elementos do jazz e do rock, universalizando-a e conferindo-lhe um sopro de modernidade e excelência. E foi um dos integrantes do memorável Som Imaginário, unanimemente reconhecido com um dos mais importantes conjuntos de música instrumental de todos os tempos.

Alguns anos após a dissolução do grupo, Tavito iniciou sua carreira solo com 3 álbuns consecutivos no período 1979/1982.

O primeiro, o de 1979, foi certamente o mais bem sucedido, não apenas comercialmente, mas por sua produção esmerada. Além de “Rua Ramalhete” (parceria com Ney Azambuja), continha outro mega-sucesso, “Casa de Campo” (parceria com Zé Rodrix), imortalizado pela interpretação de Elis em seu álbum de 1972. E pelo menos mais duas músicas manjadíssimas: “Começo, Meio e Fim” (mais conhecida na interpretação do Roupa Nova) e “Naquele Tempo” (outra saudosista homenagem aos Beatles).

Contou com a participação das cantoras Jane Duboc e Regininha e um respeitável plantel de instrumentistas: Alex Malheiros (Azymuth) e Jamil Joanes no baixo, Márcio Montarroyos no trompete, Paulinho Braga na bateria, Gilson Peranzetta no piano, Sérgio Dias (Mutantes) na guitarra e orquestração de Eduardo Souto Neto. Com tantos atributos, esse disco, ao ser tirado prematuramente de catálogo pela CBS, passou a ser disputadíssimo nos sebos. Incompreensível que só tenha sido lançado em CD por iniciativa da pequena gravadora Savalla, rapidamente se esgotando.

Tavito ainda lançou mais dois álbuns solos. Depois, recolheu-se passando a se dedicar a uma bem sucedida carreira de composição de jingles, o mais famoso dos quais se tornou o hino extra-oficial da conquista do tetra pela seleção, parceria com Aldir Blanc. Aliás, a maior parte de suas composições, foi fruto de colaborações notáveis como com os irmãos Valle, Ivan Lins, Ruy Maurity, Sá e Guarabyra, Renato Teixeira etc. Retomou a produção fonográfica após um intervalo de 27 anos, lançando 2 álbuns pelo selo Tratore, o último em 2014, cinco anos antes do seu falecimento, sem conseguir se desvencilhar da síndrome “Rua Ramalhete”.

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FAIXAS:

1. Cowboy (Eduardo Souto Neto, Paulo Sérgio Valle)

2. Rua Ramalhete (Ney Azambuja, Tavito)

3. Você me Acende (Erasmo Carlos)

4. Longe do Medo (Ivan Lins, Tavito)

5. Cravo e Canela (Milton Nascimento, Ronaldo Bastos)

6. Naquele Tempo (Mariozinho Rocha, Renato Correa)

7. Começo, Meio e Fim  (Ney Azambuja, Paulo Sergio Valle, Tavito)

8. A Ilha (Sá & Guarabyra)

9. Coração Remoçado (Eduardo Souto Neto)

10. Casa no Campo (Tavito, Zé Rodrix)



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