À sombra
de Arrigo Barnabé que, a partir do icônico CLARA CROCODILO (1980), alcançou prestígio
nos circuitos alternativos e aclamação da crítica, seu irmão Paulo, igualmente
paranaense de Londrina e estabelecido em SP, mereceria melhor sorte pois tem
estilo e luz próprios. Sua trajetória musical (associada ao movimento conhecido
como ‘vanguarda paulistana’), embora tenha seguido próxima à de Arrigo, teve suas
particularidades. Ao contrário do brother mais velho, Paulo Barnabé expressou
sua música através do seu alter-ego, a Patife Band, formada em 1983, ao lado,
dentre outros, de Duda Neves na batera e Tavinho Fialho no baixo.
O conjunto
passou por inúmeras formações, sempre capitaneado por Paulo. Lançou apenas dois
álbuns em que, embora tivesse em comum a atonalidade e o dodecafonismo, peculiaridades
de Arrigo, apresentava uma estética mais “hardcore”.
Acabou
cativando outro tipo de público, mais roqueiro, embora se diferenciasse do
estilo caracterizado pela ausência de técnica e acordes básicos, apresentando
um som mais experimental e rebuscado, influenciado pelas peças eruditas contemporâneas
de Stockhausen.
Esse primeiro
LP (na verdade, um EP) saiu pelo histórico selo Lira Paulistana traz apenas 6
faixas em 13 minutos de duração. O álbum, ainda que distribuído de forma
totalmente independente, com produção modesta e parcos recursos, teve boa aceitação,
mirando um público que valoriza a crueza dos arranjos. Rapidamente se esgotou nunca
tendo sido lançado em CD e hoje vale uma fortuna. Dentre as pérolas, os ‘hits’ “Tô
Tenso”, parceria com Arrigo e Itamar, que chegou a ser gravado até pelos Ratos
de Porão no álbum de covers FEIJOADA ACIDENTE? e “Pregador Maldito”, presente
também na trilha do filme Cidade Oculta. Dentre os deboches (marca registrada
do grupo), versões punks para o breguíssimo sucesso da jovem guarda “Tijolinho”
(“você é meu tijolinho, você é meu tijolão”) de Bobby de Carlo e o clássico
natalino “Noite Feliz”. O diferencial fica por conta da arrojada instrumental “Peiote”.
O segundo
trabalho, CORREDOR POLONÊS (1987) conservou características sonoras
semelhantes. Três das seis músicas do EP foram reaproveitadas. Bancado pela ‘major’
Warner que, mesmo dispondo um plantel estrelar, com nomes como Titãs, Ira!,
Barão e Kid Abelha que viviam sua fase áurea, apostou no grupo, conferindo-lhe
uma produção mais requintada, com o suporte de bambas como Bocato, Toninho
Ferragutti e Papete. Destaque para a faixa “Teu Bem”, que seria regravada por
Cássia Eller. O toque nonsense fica por conta de “Chapeuzinho Vermelho”,
clássico dos Jet Blacks. Chegou a ser lançado, numa edição restrita, em CD,
também esgotada.
Após isso,
a Patife Band deu uma guinada, passando a flertar com o jazz vanguardista trazendo
expoentes dessa vertente como Zé Eduardo Nazário e Felipe Ávila e depois saiu de
cena. Não totalmente, já que volta e meia reagrupa-se para shows atendendo aos
pedidos dos antigos fãs, ávidos pela execução do repertório dos dois discos.
Foi
reunido material para um álbum ao vivo, mas o projeto não vingou.
.
FAIXAS:
1. "Tijolinho"
(Wagner Benatti) 2:10
2. "Pregador
Maldito" (Paulo Barnabé) 2:05
3. "Pesadelo"
(Arrigo Barnabé, Paulo Barnabé) 1:00
4. "Tô
Tenso" (Arrigo Barnabé, Itamar Assumpção, Paulo Barnabé) 2:53
5. "Noite
Feliz" (Franz Xaver Gruber) 2:03
6. "Peiote"
(Instrumental) 2:50
Nenhum comentário:
Postar um comentário