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12 de dez. de 2020

PATIFE BAND (1985)

 


À sombra de Arrigo Barnabé que, a partir do icônico CLARA CROCODILO (1980), alcançou prestígio nos circuitos alternativos e aclamação da crítica, seu irmão Paulo, igualmente paranaense de Londrina e estabelecido em SP, mereceria melhor sorte pois tem estilo e luz próprios. Sua trajetória musical (associada ao movimento conhecido como ‘vanguarda paulistana’), embora tenha seguido próxima à de Arrigo, teve suas particularidades. Ao contrário do brother mais velho, Paulo Barnabé expressou sua música através do seu alter-ego, a Patife Band, formada em 1983, ao lado, dentre outros, de Duda Neves na batera e Tavinho Fialho no baixo.

O conjunto passou por inúmeras formações, sempre capitaneado por Paulo. Lançou apenas dois álbuns em que, embora tivesse em comum a atonalidade e o dodecafonismo, peculiaridades de Arrigo, apresentava uma estética mais “hardcore”.

Acabou cativando outro tipo de público, mais roqueiro, embora se diferenciasse do estilo caracterizado pela ausência de técnica e acordes básicos, apresentando um som mais experimental e rebuscado, influenciado pelas peças eruditas contemporâneas de Stockhausen.

Esse primeiro LP (na verdade, um EP) saiu pelo histórico selo Lira Paulistana traz apenas 6 faixas em 13 minutos de duração. O álbum, ainda que distribuído de forma totalmente independente, com produção modesta e parcos recursos, teve boa aceitação, mirando um público que valoriza a crueza dos arranjos. Rapidamente se esgotou nunca tendo sido lançado em CD e hoje vale uma fortuna. Dentre as pérolas, os ‘hits’ “Tô Tenso”, parceria com Arrigo e Itamar, que chegou a ser gravado até pelos Ratos de Porão no álbum de covers FEIJOADA ACIDENTE? e “Pregador Maldito”, presente também na trilha do filme Cidade Oculta. Dentre os deboches (marca registrada do grupo), versões punks para o breguíssimo sucesso da jovem guarda “Tijolinho” (“você é meu tijolinho, você é meu tijolão”) de Bobby de Carlo e o clássico natalino “Noite Feliz”. O diferencial fica por conta da arrojada instrumental “Peiote”.

O segundo trabalho, CORREDOR POLONÊS (1987) conservou características sonoras semelhantes. Três das seis músicas do EP foram reaproveitadas. Bancado pela ‘major’ Warner que, mesmo dispondo um plantel estrelar, com nomes como Titãs, Ira!, Barão e Kid Abelha que viviam sua fase áurea, apostou no grupo, conferindo-lhe uma produção mais requintada, com o suporte de bambas como Bocato, Toninho Ferragutti e Papete. Destaque para a faixa “Teu Bem”, que seria regravada por Cássia Eller. O toque nonsense fica por conta de “Chapeuzinho Vermelho”, clássico dos Jet Blacks. Chegou a ser lançado, numa edição restrita, em CD, também esgotada.

Após isso, a Patife Band deu uma guinada, passando a flertar com o jazz vanguardista trazendo expoentes dessa vertente como Zé Eduardo Nazário e Felipe Ávila e depois saiu de cena. Não totalmente, já que volta e meia reagrupa-se para shows atendendo aos pedidos dos antigos fãs, ávidos pela execução do repertório dos dois discos.

Foi reunido material para um álbum ao vivo, mas o projeto não vingou.

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FAIXAS:

1. "Tijolinho" (Wagner Benatti) 2:10

2. "Pregador Maldito" (Paulo Barnabé) 2:05

3. "Pesadelo" (Arrigo Barnabé, Paulo Barnabé) 1:00

4. "Tô Tenso" (Arrigo Barnabé, Itamar Assumpção, Paulo Barnabé) 2:53

5. "Noite Feliz" (Franz Xaver Gruber) 2:03

6. "Peiote" (Instrumental) 2:50



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